O INOVADOR ESTUDO REVELA QUE NO METRÔ DE BARCELONA HÁ MENOS BACTÉRIAS DO QUE EM HOSPITAIS E AEROPORTOS quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
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BARCELONA, ESPANHA. – No metrô de Barcelona vivem 10.000 bactérias por metro cúbico de ar, a maioria inócuas para as pessoas que vivem e estão em menor quantidade que qualquer ambulatório ou aeroporto espanhol, de acordo com um estudo do CSIC.

  O Centro de Estudos Avançados, o Instituto de Diagnóstico Ambiental e Estudos da Água (IDAEA-CSIC), ambos do CSIC, elaboraram o primeiro catálogo genético da comunidade microbial do metrô, que será útil para conhecer e controlar a qualidade do ar que os usuários do transporte suburbano respiram.

O estudo, que faz parte do projeto europeu Improve Life para avaliar a qualidade do ar e propõe medidas que o melhorem, indicou que a maioria dos microrganismos encontrados (10.000 bactérias por metro cúbico de ar) são inócuos para as pessoas e que as bactérias de origem humana, incluídas as que são patologicamente potenciais, apresenta, uma proporção menor que 2%.

 

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Ou seja,  “que a rede do metrô de Barcelona não é um ponto de exposição de risco biológico importante e os passageiros não são a fonte principal de microrganismos no ar”, explicou o pesquisador da CEAB, Xavier Triadó, que destacou que “a presença de vírus era notavelmente mais baixa que a detectada em outros estudos realizados no centro de saúde dos aeroportos”.

O estudo, publicado pela revista Indoor Air Journal, analisou a qualidade do ar das estações do metrô e do interior dos vagões após ter coletado amostras entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014, em plena campanha de gripa.

Os pesquisadores submeteram as amostras a uma análise genética para saber se a identidade e o número total de bi aerossóis (término que utilizam os cientistas para referir-se às partículas em suspensão de ar que possuem origem biológica).

Se trata de um estudo preliminar, uma primeira aproximação expansível a uma perseguição a longo prazo, a fim conhecer as dinâmicas e as flutuações que ocorrem durante todo o ano e em qualquer hora do dia, indicaram os investigadores.

Na quantificação foram incluídos microrganismos patogênicos habituais, porque são os vírus da influenza (Influenza A e B), rinovírus e um fungo (Aspergillus fumigatus).

Os dados obtidos indicam de maneira preliminar a existência de uma dinâmica nas partículas virais no ar que poderia ter certo poder preditivo dos episódios de gripe.

Triadó apontou que “são necessários mais estudos de episódios de gripes sucessivas para confirmar esta dinâmica e constatar que realmente pode ser uma ferramenta de prevenção e vigilância epidemiológica em um futuro próximo”.

Com o estilo da vida atual, passamos 90% do tempo dentro de espaços fechados onde o ar poderia ser um canal de transmissão de alguns patógenos. Por essa razão, adicionou, monitorar a qualidade do ar destes ambientes é importante”.

Neste estudo analisamos as comunidades microbiais e a presença de vírus que usam ferramentas genéticas. É, pois, um primeiro inventário do micro bioma do ar de um lugar público altamente frequentado, como é o metrô, comentou Triadó.

“Se trata de um aspecto das viagens no metrô que não recebem muita atenção, apesar da alta afluência de pessoas que tem, sublinhou Teresa Moreno, pesquisadora do IDAEA e responsável pelo projeto.

 

Prevenção de epidemias virais

Segundo Moreno, “o ar subterrâneo também pode conter contaminantes precedentes do tráfego, que entram através dos sistemas de ventilação e dos pontos de acesso das estações e outros procedentes do mesmo metrô”.

O estudo poderia contribuir para prever epidemias virais porque mais de 100 milhões de passageiros utilizam diariamente as redes do metrô distribuídas em 200 cidades em todo o mundo.

Concretamente em Barcelona, o metrô absorve 50% dos deslocamentos diários da área metropolitana e transporta 1.25 milhões de passageiros a cada dia útil.

“Para nós, como operadores de referência em transporte público da área metropolitana de Barcelona, é enriquecedor colaborar com as instituições científicas para saber a qualidade do ar dentro do metrô, um passo necessário para continuar trabalhando em possíveis medidas a serem aplicadas para melhorá-lo, opinou o diretor de Gestão Ambiental da TMB, Eladi de Miguel.

 

FONTE: 20 Minutos