SANTIAGO DO CHILE. – Vinte segundos podem ser quase imperceptíveis para uma pessoa, mas na operação do Metrô de Santiago fazem uma grande diferença. Se a empresa consegue economizar esse tempo entre a passagem de um trem e outro na Linha 1, a capacidade de sua coluna vertebral pode aumentar em até 8% com respeito aos 46 mil passageiros/hora que hoje transporta – não sem dificuldade- nos momentos de maior demanda.
Este ganho foi alcançado essa semana, graças à instalação de um novo sistema que gerencia a passagem dos comboios com maior exatidão. É o chamado CBTC (Communications-Based Train Control), uma tecnologia que detecta a posição exata do trem na via. Assim, aproxima mais os trens entre si e reduz o tempo de espera dos passageiros, o que resulta em menos aglomerações nas plataformas.
Saindo… e chegando
“Antes operávamos com circuito de vias. O sistema lia que em um circuito havia um trem, e portanto, o próximo não podia se aproximar desse trecho, logo, o intervalo era maior. Com este novo sistema, a diferença é notável”, explica o presidente do Metrô, Rodrigo Azócar.
Acrescenta que a mudança será visível para os passageiros, “porque vão ver um trem saindo da estação e outro entrando de imediato (…). Esta diminuição no intervalos, o que faz aumentar a capacidade de transporte porque passam mais trens no período, aumenta a frequência e se acumula menos gente esperando pelo próximo trem”.
A implementação do CBTC teve um custo de US$ 103 milhões e sua instalação demorou seis anos. O governo anterior projetava uma entrega em 2013 que foi sendo adiado devido às dificuldades técnicas que implicava instalar as 500 antenas e 130 quilômetros de fibra ótica que o modelo requer para funcionar.
Além do benefício em relação ao tempo, o novo dispositivo implicará uma economia de energia de 5%, segundo Azócar, devido a que as acelerações e frenagens dos trens serão mais suaves.
O CBTC também estará nas futuras linhas 3 e 6, mas estas também terão uma tecnologia denominada “UTO” (Unattended Train Operation), que permitirá que os trens manobrem sem condutores, desde uma central.
Trens novos?
Como o sistema permite aumentar de 42 a 46 a capacidade máxima de comboios que se encaixam ao longo da Linha 1, Azócar disse que a compra de quatro comboios adicionais “é uma questão que temos que a avaliar (…). O que necessitamos é ter menos trens em manutenção ou que apresentem falhas e poder ter mais em operação”.
Em paralelo, o Metrô reunirá no Chile 35 trens para as linhas 2 e 5, que substituirão aos fundacionais NS-74 (os celestes e mais antigos da rede). Estes comboios já cumpriram sua vida útil de quarenta anos.
A empresa avalia abrir a Linha 3 por etapas, antes do prazo oficial de entrega.
Ao final do próximo ano, o Metrô começará a operar a Linha 6 e, segundo o calendário oficial, um ano depois, ao final de 2018, se prevê o início do serviço da Linha 3. Não obstante, esta última poderia iniciar seu funcionamento antes do prazo, se prospera uma análise que realiza a empresa.
“Estamos pedindo à administração que analize a possibilidade de separar a Linha 3 em dois trechos” , explica Rodrigo Azócar, presidente da estatal. A ideia é que uma seção da linha possa iniciar suas operações antes do tempo.
As extensões da rede já contemplam um avanço médio de 63,3% e estão prontas para completar um novo marco: a execução do túnel da Linha 3, com o que se completa a rede de 38 quilômetros subterrâneos do projeto. Também está previsto que em setembro sejam realizadas as primeiras provas de trens na Linha 6.
FONTE: Manuel Valencia, El Mercurio (Santiago do Chile).