China na cabeça Martes, 28 de Febrero de 2012
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A CNR ofereceu R$ 542 milhões 599 mil
pela frota e a CSR R$ 556 milhões 951 mil. Em terceiro ficou a
Rotem/Hunday coreana, com R$ 564 milhões 406 mil; em quarto a
Alstom brasileira com 646 milhões 800 mil e em quinto a CAF, também
com fábrica no Brasil, com R$ 748 milhões 643
mil.

 
O resultado não surpreendeu os
fabricantes brasileiros, que tiveram que incluir nos seus preços o
imposto de importação, mais o hedge cambial cobrado pelos bancos
sobre o financiamento em moeda estrangeira para os componentes
importados. A combinação do imposto e do hedge cambial dá mais ou
menos os 16 % de diferença entre o preço da Alstom e o preço da
Rotem, porém ainda abaixo dos dois chineses. O governo do Estado do
Rio de Janeiro não concedeu nenhum benefício aos fabricantes
brasileiros, preferindo optar pelo menor custo.

Os 60 trens de quatro carros deverão
ser fabricados em Changchun, onde já existe uma encomenda anterior
de 30 trens para a mesma Supervia e de 19 trens para o Metrô Rio.
Os trens da Supervia já começaram a ser entregues (há cinco
desembarcados), mas os do Metrô Rio estão com um atraso de dois
anos.  Há ainda uma outra encomenda de  30 trens
adicionais para a Supervia,  que deve ser feita diretamente
pela operadora, hoje controlada pela Odebrecht Transporte. No
conjunto, somando a frota comprada anteriormente da Rotem, e a
previsão de novas aquisições para a Linha 4 e para a renovação da
frota do Metrô, o Rio de Janeiro estará perto de 1.000 carros,
todos da Coréia e da China.

Os 60 trens chineses virão completos.
As tentativas de acordo da Ttrans com a CNR para montar os trens em
Três Rios e da MPE com a CSR para montá-los no Rio não
prosperaram.

A Associação Brasileira da Indústria
Ferroviária (Abifer) divulgou uma nota oficial sobre o caso. Veja
abaixo a íntegra:

Nota da ABIFER sobre a licitação dos
60 trens do Rio de Janeiro

Reproduzimos abaixo a notícia
publicada nesta data pelo jornal “O Globo”, referente à licitação
de 60 trens da Central, no Rio de Janeiro.

“A China Avança – Coluna Ancelmo
Gois

A indústria ferroviária nacional foi
ontem derrotada para o fornecimento de 60 trens à velha Central do
Brasil, numa disputa vencida, de novo, por
chineses.

Segundo o secretário Julio Lopes, a
proposta venceria mesmo que o governo do Rio admitisse uma
diferença de preço de até 15% a favor da nossa produção, “como
queria a paulista Fiesp”.

Segue…

A fabricante nacional mais bem
colocada foi a Alstom (4°lugar), de origem francesa, atrás de dois
chineses e um coreano.

Já a Associação Brasileira da
Indústria Ferroviária tem reclamado da “falta de isonomia
tributária em relação a chineses e coreanos nas
concorrências”.

É. Pode ser…

O fato concreto é que, num mundo em
crise, a questão do protecionismo voltou ao debate mesmo em
economias mais abertas como a dos EUA.”

É de causar espanto a declaração do
Secretário Julio Lopes, que carrega o ranço do bairrismo,
inadmissível no século 21.

O mais importante seria gerar trabalho
no Brasil e não na China.

Por outro lado, o resultado da
licitação apenas comprovou que os pleitos feitos pela ABIFER ao
governo do Estado do Rio de Janeiro, e que não foram atendidos,
estavam corretos.

Ao aliar-se a falta de isonomia fiscal
da indústria brasileira ao câmbio, a proposta nacional não tinha
como sair vencedora, como já era esperado.

Bastava que o governo aceitasse a
proposta nacional em duas moedas, o que foi permitido à
estrangeira, que poderia ter cotado em até três
moedas.

Por último, não receber o produto no
prazo contratual (o fornecimento de 34 trens chineses em curso já
mostra atraso superior a dois anos) resulta em perdas de receita e
de imagem para a concessionária, que não são compensadas pela
compra dos trens a um preço mais baixo.

A ABIFER continuará sua luta, ao lado
da FIESP, da CNI e das demais entidades da indústria e dos
trabalhadores, contra a desindustrialização que ocorre, a olhos
vistos, no Brasil.

Vicente Abate

Presidente da ABIFER