Ainda segundo a presidente
brasileira, apesar de não haver fronteira entre os dois países, a
região se beneficiaria com um corredor terrestre bioceânico, uma
integração entre rodovias, ferrovias e portos para ligar o comércio
do Atlântico e do Pacífico.
“E eu queria aqui me referir a dois
temas que eu e o presidente [Sebastian] Piñera tratamos, de forma
intensa. Inclusive, o presidente Piñera providenciou um mapa, e nós
discutimos longamente, numa reunião de trabalho, eu diria, e
discutimos essa interligação que torna a nossa fronteira, os
portos, todos os portos do Brasil – Santos, Paranaguá, enfim, todos
os portos do Brasil – e todos os portos chilenos, fronteiriços. É
isso que nós discutimos”, disse ela.
A discussão sobre o projeto de um
corredor terrestre ligando os dois países começou a ser discutida
pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva há quase dez anos.
Para Dilma, a interligação
favoreceria, inclusive, o comércio com a Ásia. “Essa amizade sem
limites vira, agora, uma amizade sem fronteiras também, e aí esse
corredor interoceânico rodoviário e o corredor interoceânico
ferroviário ligam dois elementos fundamentais do comércio do mundo:
o comércio do Atlântico e o comércio do Pacífico que, obviamente,
interage com a Ásia”, argumentou.
A presidente frisou que há um
“forte potencial” econômico entre os dois países. “É justamente
porque nós não temos fronteira, mas estamos em dois oceanos, que a
nossa relação de infraestrutura é estratégica.”
Estação
antártica
Durante o encontro com o colega
chileno, Dilma assinou um tratado de cooperação bilateral que
prevê, entre outros pontos, o uso da estação antártica do Chile por
militares e pesquisadores brasileiros no período em que a base
científica do Brasil estiver sendo reconstruída. Base da Marinha
brasileira na Antártica, a estação antártica Comandante Ferraz foi
destruída por um incêndio em fevereiro de 2012.
Além do uso conjunto da estação
chilena, o tratado prevê a realização de atividades em parceria
entre os dois países. A justificativa dos governos do Brasil e do
Chile para a cooperação mútua é “otimizar o emprego de recursos
humanos e materiais” e evitar “duplicidades” do desenvimento de
pesquisas científicas e tecnológicas no continente antártico.
O acordo prevê, inclusive,
intercâmbio de informações e a aquisição e utilização conjunta de
novos equipamentos relacionados à gestão do meio ambiente.
Cooperação
sul-americana
Dilma também voltou a destacar a
importância da maior cooperação entre países da região para que
todos superem a crise financeira internacional.
“Em um mundo altamente globalizado
e um mundo que vive uma conjuntura em que os temas da integração e
da integração regional e do enfrentamento às dificuldades que as
crises nos países desenvolvidos lançaram sobre o mundo, essa
cooperação interregional, ela passa a ser um elemento fundamental
para a superação e para a construção de um mundo que cresce, que
distribui renda e que beneficia as suas populações”, disse.
Dilma Rousseff parabenizou o
presidente Piñera pela coordenação da reunião de cúpula entre a
Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac)
e a União Europeia, da qual participa nesta tarde. Dilma deverá ter
reuniões, de acordo com informações do Planalto, com os presidentes
do México e do Chile e também com a chanceler alemã, Angela
Merkel.
O grupo pretende adotar um plano de
ações para 2013 e 2014 voltado ao tema “Aliança para um
desenvolvimento sustentável: promovendo investimentos de qualidade
social e ambiental”, segundo o Planalto. De acordo com o Itamaraty,
o fluxo comercial entre os países membros da CELAC e da UE
registrou crescimento de 31,5% de 2007 a 2011, fechando em US$
278,1 bilhões em 2011.
À noite, Dilma participa de um
jantar oferecido pelo presidente Sebastián Piñera a todos os chefes
de Estado presentes na cúpula. A data da volta da presidente ao
Brasil não foi informada, mas deve ocorrer entre sábado e domingo,
já que na segunda ela abre encontro com prefeitos eleitos em
2012.